domingo, 3 de agosto de 2008

Renault Logan 1.6 16V é 'feio de cara' e bom de estrada

Quase 40 anos depois de o Simca Chambord ganhar o apelido de "Belo Antonio", o Renault Logan chegou ao mercado com características totalmente opostas. O "carinhoso" apelido do Simca era uma alusão ao clássico do Cinema estrelado por Marcello Mastroianni, no qual o bem apessoado ator italiano não correspondia às expectativas sexuais femininas. Como o célebre personagem, o modelo da década de 60 era bonitão, mas o motor V8 de apenas 84 cv decepcionava em ação. Com o Logan ocorre o inverso: o sedã não cativa nem um pouco pela aparência, mas surpreende pelas qualidades funcionais. É uma espécie de "Belo Antonio" às avessas.

Lançado há um ano com a difícil tarefa de levantar as minguadas vendas da Renault no Brasil, o Logan não sentiu o peso da responsabilidade. Ao lado do primo menor, o hatch Sandero (derivado da mesma plataforma), conseguiu recolocar a montadora de origem

Foto: Divulgação
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Porta-malas, maior que o do Toyota Corolla, tem capacidade para 510 litros (Foto: Divulgação)

francesa na honrosa quinta colocação, atrás das tradicionais Fiat, Volkswagen, Chevrolet e Ford; e na liderança entre as "newcomers" – montadoras que se instalaram no Brasil na década de 90.

Até a primeira metade de julho, foram vendidas 20.717 unidades do modelo, que ocupa o quarto lugar entre os sedãs pequenos. O Logan, porém, só é classificado como pequeno por causa do preço (a partir de R$ 30,3 mil), pois rivaliza com os sedãs médios em tamanho. Para efeito de comparação com os concorrentes diretos, tem 2,63

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Espaço traseiro surpreende e acomoda três adultos com folgas, mas banco não rebate (Foto: Divulgação)

metros de entreeixos – bem mais que os 2,37 m do Siena; 2,44 m do Prisma; e 2,49 m do Fiesta Sedan.

E o tamanho do entreeixos é diretamente proporcional ao espaço interno, justamente o ponto forte do Logan, que leva cinco pessoas adultas sem apertos. A amplitude do banco traseiro surpreende, sobra espaço para pernas, ombros e cabeça. Sem falar no porta-malas, que tem incríveis 510 litros de capacidade, sendo maior que o dos médios Toyota Corolla (470 litros) e do Honda Civic (apenas 340 litros).

A mais equipada

A versão avaliada pelo G1 era a topo de linha da gama, a Privilège 1.6 16V flex (a partir de R$ 41,6 mil), que vem de série com ar-condicionado, direção hidráulica, trio-elétrico, faróis de neblina, computador de bordo, bancos revestidos em veludo, alarme com acionamento na chave e detalhes internos na cor alumínio como principais equipamentos. Airbag duplo, rádio CD/player e rodas de liga leve são opcionais do kit "Pack Estilo", que custa cerca de R$ 3,5 mil. Freios ABS não estão disponíveis para o modelo.

Arte G1

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O excesso de plástico rígido confere um visual interno pouco atraente ao modelo (Foto: Divulgação)

O motor 1.6 16V flex gera 112 cavalos de potência (com álcool) e garante bom desempenho, deixando o sedã esperto nas arrancadas e retomadas. A suspensão bem equilibrada tem a tarefa facilitada pelo generoso entreeixos e filtra com eficiência os desníveis do piso. Já a direção hidráulica poderia ser mais leve nas manobras, apesar de cumprir bem o seu papel em velocidades mais elevadas. O câmbio tem engates precisos, com exceção da quinta marcha que requer um pouco mais de esforço para ser engatada.

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Centralização dos comandos elétricos no console compromete a ergonomia e incomoda (Foto: Divulgação)

O acabamento, como era de se esperar, é apenas honesto. A profusão de plástico rígido no interior, principalmente no painel, confere um visual pouco atraente. Outro ponto negativo é a localização dos comandos dos vidros, espelhos e travas – todos concentrados no console central. A medida foi tomada pela Renault para cortar custos e deixar o modelo com um preço final atraente. Com os comandos centralizados, por exemplo, é necessário apenas um chicote (conjunto de fios elétricos) para ligar todos os equipamentos. Parece pouco, mas em larga escala a economia se justifica.

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Renault Logan oferece a melhor relação custo-benefício entre os sedãs pequenos (Foto: Divulgação)

O grande senão do Logan, porém, é o visual excessivamente quadrado. Para quem aprecia design automotivo, chega a ser uma afronta. Mas para quem prioriza a relação custo-benefício e espaço interno, o Logan é a melhor opção entre os sedãs pequenos. Além do que, não desperta tanta cobiça dos ladrões e ainda tem garantia de três anos. Se estiver em dúvida, faça um test drive e experimente esse "Belo Antonio" às avessas. Afinal, no mundo dos automóveis, que me desculpe o "Poetinha", beleza nem sempre é fundamental.

Fonte: G1

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