terça-feira, 12 de agosto de 2008

Reunimos as quatro gerações da versão esportiva do BMW Série 3

Reunimos as quatro gerações da versão esportiva do BMW Série 3 para um passeio com centenas de cavalos de potência e muita história

por Thiago Vinholes do G1

Ivan Carneiro

Para olhos desacostumados, o BMW M3 parece apenas um BMW mais esportivo. Mas, para bom entendedor, a letra “M” antes do número significa muito. Ela indica que o modelo foi preparado pela divisão Motorsport da marca, a mesma que cuida dos carros da Fórmula 1. Apesar de ter sido o último sedã da marca a receber uma versão invocada – M5 e M6 foram lançados em 1984 e 1983, respectivamente – o M3, lançado em 1986, tornou-se o modelo mais emblemático da BMW a carregar o logotipo “M”.

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Para contar a história das quatro gerações do BMW M3, é preciso voltar ao final dos anos 1960, quando um pequeno sedã da marca dominava as competições de turismo na Europa. O carro em questão, o BMW 2002 Turbo, inaugurou nos centros de criação do fabricante uma nova era entre carros esportivos. Esse aprendizado resultaria mais adiante no lendário M1, produzido entre 1978 e 1981.

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Nasce o M3

Ivan Carneiro

Tanto a BMW quanto o público sentia a falta de um sedã esportivo com dimensões compactas e preço mais acessível. Para preencher essa lacuna, nascia em 1986 o primeiro M3, baseado na segunda geração do Série 3 — produzido de 1982 a 1991 sob o código de carroceria E30. Sua estréia nas competições aconteceu em ralis, para depois iniciar um período de vitórias na DTM (competição entre carros de turismo alemães) e em enduros europeus. O carro logo se espalhou por diversos mercados ao redor do mundo, ganhando fãs e rivais, como o Mercedes-Benz 190E AMG.
A primeira versão do M3 tinha um motor quatro cilindros de 2.3 litros que rendia 195 cv (200 cv sem catalizador), acoplado a um câmbio manual de cinco marchas e tração traseira. Diferente do sedã convencional, o modelo esporte era oferecido somente na opção duas portas. O visual diferenciado contava com spoilers laterais e um aerofólio traseiro que marcou época. Segundo dados da BMW, o carro acelerava de 0 a 100 km/h em 7,3 segundos e podia ultrapassar a marca dos 230 km/h.

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O imponente motor quatro cilindros da divisão Motorsport e o interior esportivo. Destaque para os equipamentos e acabamento impecável

Famoso dentro e fora das pistas, o M3 E30 foi um dos poucos carros que se destacaram pelo estilo nos anos 1980, considerada a época mais desastrosa da indústria automobilística em termos de design. O primeiro M3 ainda ganharia uma versão conversível e, mais à frente, um novo motor 2.5 litros de 238 cv, que equipou a série “Sport Evolution”. De acordo com a BMW, foram produzidas 18 mil unidades do carro em diferentes versões de carroceria, das quais apenas algumas dezenas vieram para o Brasil — por importação independente.
Assim como o visual externo, o interior do M3 E30 transpira esportividade. O painel e console seguem o típico desenho dos anos 1980, com formas retilíneas e equipamentos analógicos. Um dos destaques da cabine é um computador de bordo acima do retrovisor interno, responsável pela checagem do funcionamento de diversos componentes do carro, como faróis e injeção eletrônica.

A revolução

Ivan Carneiro

Com a chegada dos anos 1990 e suas formas arredondadas, o designer alemão Claus Luthe, pai de inúmeros projetos da BMW (inclusive a primeira versão do M3), foi substituído pelo norte-americano Chris Bangle. Com as modificações visuais, o sedã Série 3 E36 de 1991 marcou um salto impressionante em termos de design. Trata-se do Série 3 responsável por tornar o modelo mundialmente famoso. Em 1992 chegava a versão esportiva. Era a segunda geração da M3, certamente a mais conhecida da série.
O motor quatro cilindros do primeiro M3 foi substituído por um totalmente novo, desta vez um seis cilindros de 3.0 litros e 286 cv. Mais tarde veio o M3 Evolution (como o azul das fotos), que tinha um propulsor 3.2 litros de 321 cv. O Evolution, inclusive, foi o primeiro carro da BMW a atingir a marca de 100 cv por litro. O câmbio também mudou, ganhando uma marcha extra (seis, contra cinco) e comportamento ainda mais esportivo.

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O motor seis cilindros em linha torna-se o coração da M3. Cabine segue os padrões da primeira versão, porém, mais incrementada

Capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 5,5 segundos, a segunda geração do M3 tem velocidade máxima limitada eletronicamente em 250 km/h. O carro foi fabricado em diferentes versões, na Alemanha e nos Estados Unidos, até o ano 2000. A Evolution trazia, além do motor mais forte, alguns mimos esportivos, como portas de alumínio e suspensão mais firme.
O ronco do motor, até então discreto na primeira geração do M3, ganhou notoriedade e uma dose extra de decibéis. Nas pistas, o modelo teve uma atuação mais tímida em relação ao anterior, competindo, mas sem grandes resultados expressivos, em provas de turismo e de resistência. Em sete anos de produção, o M3 E36 foi oferecido nas versões sedã, cupê e conversível.
Rival de Porsche

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O tempo passa e a M3 tem de mudar novamente. No ano 2000 foi lançada a terceira geração, baseada no Série 3 E46. Utilizando uma versão mais avançada e, conseqüentemente, mais potente do motor seis cilindros 3.2 da E46, o M3 atingiu um novo patamar entre os carros de alta performance: 343 cv de potência. Segundo a marca, esse carro é capaz de atingir 300 km/h (sem limitador) e parte da imobilidade até os 100 km/h em 4,8 segundos.
Atualizada, a terceira geração do M3 virou um dos principais rivais do Porsche 911 Carrera. E não fez feio. Acumulou vitórias em diversas competições, entre elas as 24 Horas de Nürburgring de 2004 e 2005. Pode-se dizer que o carro foi o responsável pela consagração definitiva da série, que ganhou ainda mais prestígio com seu sucesso nas pistas.

Ivan Carneiro

O seis cilindros evoluído pronto para fazer frente aos Porsches. Equipamentos digitais e interativos invadem a cabine

A terceira geração ainda serviu de base para outras quatro versões mais apimentadas do M3. A de maior destaque foi a CSL — cuja produção limitou-se a apenas 1.400 unidades —, que tinha desempenho comparável ao de uma Ferrari F360, mas pela metade do preço. Entre as principais diferenças da versão, destaque para a redução de peso, graças à aplicação de componentes de fibra de carbono, e para as modificações mecânicas, que elevaram a potência para 360 cv. A terceira geração, diferente das demais, foi oferecida somente na opção cupê de duas portas e conversível.
A era do V8

Ivan Carneiro

Em 2007 surgiu no Salão de Genebra, na Suíça, a quarta geração do M3. Pela primeira vez em 21 de história, o modelo ganhou status de legítimo superesportivo. Foi o início da era V8 no M3, com motor 4.0 litros de 420 cv e 40,8 kgfm de torque. Capaz de ultrapassar os 300 km/h (sem limitador), o M3 E92 cumpre a prova do 0 a 100 km/h em meros 4,6 segundos. A receita de tamanho desempenho é o motor derivado da linha V10 de 5.0 litros que equipa os M5 e M6, todos fabricados na mesma linha de montagem de onde saem os propulsores que a BMW usa na Fórmula 1.
Disponível nas versões sedã quatro portas, cupê e conversível, o carro ainda trilha sua carreira nas pistas, que certamente será louvável. Repleto de tecnologia, o M3 E92 tem como um dos pontos de maior destaque o seu equilíbro. Construído com materiais leves, como o teto de fibra de carbono (no cupê), a quarta geração do carro pesa 1.656 kg, o que lhe confere a ótima relação peso/potência de 3,94 kg/cv.

Ivan Carneiro

Chega o V8 com seus mais de 400 cv de potência. A cabine, mais do que nunca, esbanja luxo e tecnologia

Desde a primeira versão, em 1986, até a mais recente com seus 420 cv, o M3 mudou muito. Mas manteve intacto seu espírito de esportividade acima de tudo, tornando-se sinônimo de alto desempenho no mundo dos carros. Que o diga seus rivais diretos da divisão AMG da Mercedes-Benz, que na maioria das vezes comem poeira.

Ivan Carneiro

Fonte: G1

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